90 dias...


Passaram 90 dias se as contas não me falham.
Ficou uma rotina em linha de montagem para trás e pela frente temos a mesma vista e o mesmo corredor.
Ficámos e continuamos em casa. Dias monocromáticos e ninguém fez por nós. Não tivemos sábado e domingo, nem finais de tarde e kidsclub ou ubereats e serviço de engomadoria - e a roupa, acreditem, é mais que muita - ou a merecida massagem no ego. 
Estive com os três heróis deste filme todo desde o primeiro dia e não ouvi silêncio, não tive descanso, nem concentração que me valesse e nem aquele tempo bom; posso pedir paz?!
Depois decidimos não levar o Sebastião à pré e é ainda mais que me sai do pêlo; mas não me queixo, é desabafo.
(Muito) lentamente voltamos a respirar e a abrir-nos à [nova] vida; e levei-os à praia para espantar o medo e bebi vinho com amigos e café de esplanada com uma amiga.
No meio de tanto sinto-me a esvaziar. A pedir outro ar, ou um balão de oxigénio, mas de tão vazia só me apetece ficar, no ninho.

                 https://drive.google.com/uc?export=view&id=1_rndsXYEjHyLNoFpFYlcTT8ne8IrL3Tc