Ao 48 dia...


De manhã estou fresca e fofa.
Eles acordam cedo; às 8h30 estão na tele-escola e não falham ritmo! Levam a escola a sério e eu não interfiro.
Salto pelos três - e agradeço o Sebastião estar em tele-auto-entretenimento -, teletrabalho e entretanto almoços.
A segunda metade do dia é menos intensa, mas para mim a mais neurótica. Terminam-se trabalhos, nervos em franja, mas também há jogos e eu tenho tempo para pensar no que não devia.
Não sei como vai ser daqui para a frente. Quando vamos ficar todos bem? E voltar ao que éramos? Vamos conseguir viver sem medo?... 
Não vejo nada de bom nesta temporada; nunca vi. E desculpem achar que não nos vai acrescentar nada que ainda não tivéssemos visto, em 48(??!) dias confinados.
Continuamos felizes em família, temos passado bons momentos, somos pela harmonia, temos saúde, ajudamos o próximo, as crianças estão finas! Ah, e adoramos viver a nossa casa.
Consigo ser otimista muitos dias, sou-o por natureza. Noutros sinto a vida em suspenso e fico angustiada. 2020, a nova era, o ano que vivemos “pela metade”. 
Um dia depois dos meus 41, o dia da Mãe sem poder tocar na minha, o país passa a estado de calamidade pública. Não se sabe até quando e em que circunstâncias. E continuamos sem ir à escola, sem abraçar os nossos pais que morrem de saudades, de estar com os amigos e até vamos ter de aprender a sorrir com os olhos, porque vamos ter que sair mascarados. 
Vêem beleza nisto? Eu não. Mas se calhar é de mim, que por ser fim do dia estou louca de cansaço.


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