A velha infância

Não me lembro de muitas coisas da minha infância, talvez por tê-la tido sempre feliz... 

Não esqueço os verões na "minha" praia. Com a minha avó algarvia marafada, sempre! De andar no barco insuflável com o meu pai e com o meu irmão e do circo que a minha mãe montava ao espetar o guarda-sol, nos dias em que nos levava aos dois pela mão. 

Lembro-me da sineta do sr. que corria a praia toda a vender bolas de Berlim de cesta na mão, e do bem que nos sabiam quando saíamos regelados da água e nos sentávamos aos 5 e 6 na mesma toalha em filinha.

Não esqueço os amigos, muitos ainda o são hoje, e de correr muito até mergulhar no mar. As marés vazias, tantas. 

Na verdade, ainda me lembro de muitas coisas.

Hoje temos menos areal. E outro sr. das bolas de Berlim, que com outro hardware, continua a passar para lá e para cá. 

Continuamos a reencontrar os amigos. E temos um confortável passadiço até à nova concessão e que nos facilita a vida na logística diária de ir com três miúdos para a praia. 

Voltamos todos os anos. Temos sempre que voltar! Já não é verão para nós se assim não for.

A cada ano encontramos diferenças, guardamos conchas e tesouros e construímos felicidade.

A minha praia passou a ser a nossa praia e de cada vez que piso aquela areia, a nostalgia diz-me que a maior diferença está em nós; na altura dos miúdos, nas tiradas e no número que calçam... na alegria cada vez maior que sentimos aqui. Naquilo que levamos até lá e muito mais no que guardamos para sempre em cada final do verão. Uma infância de verdade para os nossos miúdos.




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