Na praia da minha infância


Os dias começam e acabam na praia (com algumas interrupções pelo meio para almoços, fugir das horas de maior calor, sestas e piscina que eles adoram!). São dias intensos, compridos, onde não querem parar, e que os deixam KO logo depois do jantar. Mesmo assim, o ritual daqui cumpre-se muitas das noites: andar no carrossel, comer gelado/waffle e passear até lá acima ao parque (infantil). 
Os mais novos no carrinho duplo arrancam sorrisos e comentários - "são gémeos?!" - daqueles por quem vamos passando e o Vicente deixa muitos de olhos em bico quando quase voa na troninete. O dia seguinte é quase igual. Mas eles não deixam de vibrar com tudo o que acontece. Como eu, quando tinha a idade deles...
O nosso verão é assim. Sem pressas e horas marcadas. Tranquilo. 
Deixamo-nos ir... E é isso que nos sabe a verão e a férias!
Eles andam felizes( e exaustos) destes dias onde não se antevê o fim. Onde não há rotinas, mas onde outras muito mais descontraídas e tão saborosas tomam conta de nós. A partir das 11h a praia é nossa! A mesma de sempre. A da minha infância! Com as caras conhecidas de outros anos e muitas novas, mas que eles se apressam a conhecer. 
Tal como acontecia nos verões da minha infância, também eles começam a fazer amigos que guardam o ano todo e rezam para que voltem no seguinte. A praia que conheço desde que nasci, e agora também a da infância deles, onde mais adoramos viver o verão, onde relembro memórias e de onde levamos ano, após ano outras tantas. Memórias de vida, que vão construindo a nossa história e pedacinhos de nós; e que nos vão aquecer o coração nos dias frios que depois vão chegar.
Mas não há só praia no nosso verão. Aqui temos todo o tempo do mundo para os nossos mais que tudo, para os olhar com olhos de ver, aproveitar e perceber cada progresso ao segundo! Vê-los crescer!
De um dia para o outro o Vicente aprendeu a nadar, o Sebastião a comer sozinho (e a sujar tudo!!), a subir e a descer camas, sofás e cadeiras e não me larga um minuto! - cada vez mais vidrado no nosso mais secreto vício
O mais velho tem aquela adoração pelo Pai que é o seu herói e o do meio quer namorar com a Mãe e anda comigo de não dada sempre!
Os três estão mais cúmplices que nunca e não se largam. As brincadeiras só fazem sentido assim. O António é a sombra do Vicente e os dois vigiam o Sebastião que começa a "querer falar" e diz "olá", "já está!", "àba (água) e "ão-ão" :)
Os nossos dias de verão só podiam ser de amor ao cubo ❤️