Para os meus filhos

As minhas viagens até Setúbal têm-me dado tempo para pensar.
Em silêncio absoluto, e outras vezes com a rádio no volume máximo, prometo ser melhor Mãe quando regressar a casa ao final o dia.
Penso na Mãe que sou e na Mãe que quero ser.
Saio de casa muitas vezes de consciência pesada. Arrependo-me de ter feito "assim" em vez de lhes ter falado com calma. Arrependo-me de lhes ter ralhado e de não os ter ouvido. De perder a calma e ficar num estado de nervos quando a energia deles não esgota, e eu estou quase a "cair para o lado" e lhes peço para pararem.
Arrependo-me destas manhãs. A correr, curtas, onde "grito" ordens que têm de ser cumpridas ao segundo e não há tempo para brincar. De os obrigar a lavar os dentes com "a pasta que pica"...
Nestas viagens realizo que não é fácil educar estes três miúdos que mais amo. Que ando cansada e que isso me arrasta para a Mãe que não quero ser.
Como os posso querer tranquilos, que falem baixo e que me oiçam se não lhes mostro isso? Se passo a vida a correr, se grito, se mando!
Não é este o exemplo que quero dar os meus filhos. Não quero ser esta Mãe. Quero ser uma Mãe melhor. Mas uma Mãe real. Que erra mas, que depois tenta fazer diferente e melhor. Que reflete e repensa. Que acima de todas as coisas quer ver os filhos felizes - mas que a boa educação esteja lá.
Quero ser uma Mãe que não ralha, que não manda, que não impõe. Que conversa, que ouve e que é ouvida.
É querer muito nestes dias? Vou fazer por isso.
Meus queridos filhos, prometo que vou estar ainda mais atenta, que vou controlar os meus impulsos, que vou pensar (muito!) antes de agir. Que vou estar sempre com os três debaixo d´olho e vou dar sempre o meu melhor. Afinal é para isso que a Mãe cá está.
A Mãe que vos ama muito.