Sol, sal e sul

Esta é a ultima semana de trabalho do pai antes das merecidas três semanas a sul.
Eles todas as manhãs bem cedo, assim que se levantam e vêm ter comigo à cama perguntam pelo Pai, na expetativa de lhes dizer que não foi trabalhar e que é hoje o dia em que vamos os cinco para o Algarve.

As checklist estão feitas e já comecei a arrumar algumas coisas. Há pilhas de roupa alinhadas na cama do quarto dos brinquedos e no berço que ainda não está a uso no quarto deles. Comecei por eles. Cada um tem a sua mala de viagem, mas tinha pensado encafuar tudo em duas. Não consigo! Há sempre mais isto ou aquilo que é melhor levar. Sabendo eu que como em todas as outras vezes não vai sair da mala. Por isto tudo, não adoro fazer malas!

Estes últimos dias têm sido passados entre puzzles, jogos no tablet, desenhos animados, pinturas (incluindo no sofá branco), sestas, troca-fraldas, malas de viagem e conversas sobre como vão ser as nossas férias de verão.

O Vicente ainda se lembra dos dias a sul do ano passado. De jogar à bola e mergulhar com o amigo M, de ir de bicicleta com o Pai para a praia, das brincadeiras com os meninos do toldo ao lado do nosso... Está a crescer. E eu só me dou conta disso nestes momentos.

O Mia não anda, corre! Desorganiza os puzzles do irmão, entorna copos de leite no sofá, salta em cima das camas e acorda o Tião quando este dorme profundamente. Um índio!

Nesta época sou ainda aquela menina que viajava para o Algarve com a mãe, assim que terminavam as aulas. Lembro-me dos dias que antecediam as férias grandes. De quase não dormir na véspera. De me amagar no banco de trás com o meu irmão e de dormir na viagem (que naquela altura parecia interminável). De perguntarmos alternadamente: "ainda falta muito?, estamos quase a chegar?" assim que entravamos no carro. 

Era aquela menina que ia para a praia com os cabelos ao vento na caixa aberta da carrinha nova do pai com um enorme barco insuflável amarrado para não ir pelos ares. Que nadava até ficar sem pé e que adorava torrar ao sol. 

Hoje, acho que ainda sou essa menina... que embora já mulher anseia por dias com os pés descalços na areia quente, sem horários, sem pressas, com as mesmas rotinas de sempre e com a mesmas perguntas no caminho.