O nosso bebé grande

Quando nasce um bebé, o que o era até então desata a crescer sem pedir licença.
O Mia que até há dois meses e meio era o nosso benjamim, aquele para quem recaía muita da nossa atenção, deu um pulo de gigante.
Para além das diferenças físicas no antes e depois do Sebastião nascer, de estar mais alto, esguio, de já calçar quase o mesmo número do Vicente, começa a saber mostrar aquilo que pensa e sente como (quase) um menino crescido. 
Já sabe perguntar "quem é?" quando batem à porta, o que são duas coisas iguais, distinguir o que é da Mãe e do Pai e já tenta calçar as crocs com quase nenhuma ajuda, um sem número de coisas que cada vez são mais e mais. 

O desfralde, muito por culpa nossa, tem sido deixado para último plano, por causa de todas as tarefas que enfrentamos diariamente. Mas o chuchar no dedo parece estar esquecido.
O nosso "bebé António" é do mais bem disposto, brincalhão e tem um lado meigo e doce que chega a emocionar-me. Adora oferecer-nos os brinquedos que vai encontrando pela casa com a cara mais fofa que existe: "é pa ti, mamã/papá"! Fico de coração cheio quando, como ontem à hora do jantar, com o olhar mais doce, de braços cruzados e encostado à porta da cozinha me disse: "estou a ver a mamã a fazer salada" (no seu dialeto).

Esta fase maravilhosa tem também sido coisa para me deixar de coração apertado. Não quero que o meu bebé deixe de o ser assim. À pressa, porque foi a isso obrigado, só porque sim, porque a família aumentou. Porque chegou outro bebé a quem passo o dia agarrada. Não quero que sinta na pele o "efeito sanduíche" e que seja apertado pelos outros dois. Por um que já de desenrasca sozinho e puxa muito por ele, e pelo Titão que nos afasta pela dependência que ainda tem de nós. Quero que este bebé passe por todas as fases, sem saltar nenhuma. Que faça todas as descobertas que fazem parte da vida de qualquer criança. Quero que continue a ser bebé. Porque na verdade ainda o é. Quero que continue a ser muito feliz!

O Sebastião absorve grande parte dos meus dias e sinto muitas vezes que não consigo acompanhar o Mia como gostaria. Nem sempre lhe dou banho ou leio a história antes de adormecer. Esforço-me! E só não estou lá quando é humanamente impossível. Também sei que ele não percebe isto e tenho ainda que me esforçar mais. É angustiante quando temos de priorizar tarefas e necessidades que têm a ver com cada um dos filhos. Amamos todos de forma igual mas nesta fase é difícil despender de igual tempo para todos. Sou ainda a única a poder saciar o Titão, e isso ocupa grande parte do dia, não me libertando para estar com o nosso bebé grande. Mas com tudo, não há uma réstia de ciúme entre estes irmãos. Adoram-se e mimam-se a cada instante. E isso deixa-me orgulhosa.

Nestes últimos dias em que o Vicente já está de férias e tem ido com o avô Pinto "trabalhar para o campo", tenho ficado com ele(s) em casa e tento compensá-lo com dias de filho (quase) único. Bastou um pequeno-almoço de "assam" (croissant), um passeio no trator e uma corrida na relva para que ficasse feliz, feliz! 

Só eu e ele (e o Titão no carrinho)...