Contagem decrescente

Contrariamente à maioria das mães, a minha terceira gravidez tem sido a mais ansiogénica. 
A gravidez do Vicente foi vivida com a inocência natural da primeira.
O encantamento desvalorizou qualquer preocupação que o gerar um filho pode acarretar. 
Foi tudo mágico, perfeito. Nada poderia correr mal. Essa hipótese nem considerada era.
Quando engravidámos do António, as ansiedades começaram a chegar. Os pensamentos mais realistas e menos positivos apareceram. A tensão arterial alta, a cesariana às 38 semanas...
Só vou descansar quando tiver o bebé Sebastião nos meus braços e o olhar olhos nos olhos. 
A (ecografia) morfológica revelou-nos que é gordinho e grande, e que a sua anatomia é "aparentemente" normal. A saúde do feto não é 100% garantida na ecografia. Há coisas que são impossíveis de avaliar. Não são palavras minhas...
É nesta fase que os meus pensamentos me traem: "será que vai ver?, vai ouvir?. Seremos novamente abençoados com um bebé saudável?"
Acredito com muita fé que sim! Mas quanto mais para a frente caminho, mais consciente fico que gerar um filho é um risco, um tiro no escuro.
Nada nos pode ser garantido! Só o amor que já sentimos por ele.
Agora é tempo de começar a preparar o nascimento. Embora ainda faltem alguns meses, estamos em contagem decrescente. Sendo a terceira gravidez é melhor prevenir para depois não remediar.
Já abri o baú. Começo a ver o que realmente faz falta. 
O Sebastião vai herdar todo o guarda-roupa dos irmãos. Mas como já é tradição, a roupa que vai pôr no dia em que vier ao mundo vai ser só dele e especial.
Já comecei a perder-me... 
Digam-me, não é um apetite?