Passaram 12 meses...


Lembro-me de tudo como se estivesse agora a entrar no carro e a seguir para o hospital.
A minha maior angústia era e foi a separação do Vicente.
O parto era de cesariana, nada que não conhecesse e para o qual não estivesse preparada para viver de novo. Já estava até ansiosa para que esse dia chegasse.
Durante a viagem até Lisboa ainda pensei algumas vezes se o meu coração iria ter capacidade para amar com tanta intensidade o bebé que tinha no ventre da maneira como amava o Vi.
Agora sei que o coração e o amor de mãe não tem medida. O amor é de igual intensidade para com todos os filhos que quisermos ter. Já vos tinha falado disso aqui.
Quando pensava no dia do nascimento, só pensava que ia ficar ausente de todas as nossas rotinas. Dos seus progressos. Dos seus abraços. Ele, ia ficar sem mim durante pelo menos três dias
No dia N ficou com os meus pais. Nada que ainda não tivesse acontecido. Mas este estar sem ele era diferente. Era ficar sem ele para estar com "o outro". Não sabia como ia reagir, o que ia pensar, o que ia sentir. Não ia lá estar para o amagar no meu colo. O meu príncipe ainda não tinha três anos. E até aquele dia era ele o meu bebé...
Antes de ir para o hospital fui almoçar com a minha mãe. Chorei. Chorei tanto, que senti necessidade de explicar ao L, o dono do café, que contrariamente ao que com certeza estaria a pensar, as minhas lágrimas eram de alegria.
Depois lá fomos... Eu e o A.
Correu tudo lindamente! E claro, foi amor à primeira vista pelo baby.
Depois veio o nervoso miudinho. Como iria reagir o Vi na primeira visita. Ele tinha sido preparado durante nove meses para a chegada do "mano". Mas só naquele dia iria perceber o que aquela palavra tantas vezes proferida significava. Aquela palavra tinha um corpo, era um bebé e ocupava espaço. Não o seu. Esse estava e estará sempre salvaguardado. Mas será que ele ia perceber isso?
No principio a sua grande preocupação fui eu. Ficou admirado por me ver deitada naquela cama, com soros, tubos... Mas depressa o tranquilizei. Depois foi o grande momento. Pegou no mano, deu-lhe beijinhos. Até hoje nada de ciúmes; evidentes. E até hoje, não passam um sem o outro.