Meninos da mamã

Quando digo aos amigos que estou de licença de maternidade até setembro, a reação é sempre a mesma: "que bom!"; "bela vidinha!"; "só férias"; "é só para quem pode!"; "aproveita bem!"; "quem me dera!.."
É verdade, têm razão. É maravilhosa esta sensação de voltar ao "ativo" só, ou já, como preferirem, em setembro. É ter o sentimento longínquo de acordar de um "sonho cor de rosa", no meu caso, sonho azul.
Mas os meus queridos amigos talvez mudassem de discurso se ficassem durante apenas uma hora com dois bichos fofinhos como os meus. Digo apenas uma hora, porque esta hora iria parecer um dia.
Não consigo fugir ao cliché; é mesmo maravilhoso ser mãe! É uma descoberta diária, até diria horária. É amar sem medida... enfim... não encontro adjetivo para qualificar o amor que sinto pelos meus filhos.
Esta é a parte boa, a do sonho azul. Mas também há muitos dias e noites de pesadelo. Pesadelos azul bebé, é certo, mas não deixam de ser pesadelos.
Há dias que parecem não ter fim e noites que parecem dias; insistem em não escurecer.
O Mia está agora numa fase, que não deixa de ser engraçada para quem apenas a ouve contar. O Vivi chora e ele faz exatamente o mesmo. Pode-se dizer que é um duelo do choro. Primeiro choram os dois em uníssono, depois, o bicho mais velho, que não gosta de perder, chora mais alto. Mas baby Mia não lhe fica atrás e grita mais alto. E depois? Como se acalma a criançada? Sim, porque o baby só se cala se estiver tudo em silêncio. Chamemos-lhe a sinfonia de "Lincehoven"...
E quando é hora de sair de casa? Passamos horas a colocar tudo dentro do saco do bebé para que não falte nada: fraldas, cremes, roupa extra, babete... Pergunto vezes sem conta a mim mesma: "Tudo dentro do saco? Tudo pronto? Não!" O bebé bolsou, bora lá trocar de roupa.
Já para não falar de quando troco os lençóis da nossa cama e o bicho mais velho, que "já é grande" e não quer usar fralda nos faz um valente chichi em cima dos lençóis antes imaculados...
E é isto, a "bela vidinha", as "férias", o bem "bom". Na verdade é muiiito bom, muiito gratificante, apaixonante, mas extenuante.
Amo de paixão ser mãe, mas há dias... Bem sei que faz parte do "pacote".
O meu desejo persiste. E cada vez com mais afinco. (Maridinho, não leias este parágrafo). De hoje a três anos quero outro filho para ajudar à festa!